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Meu nome é Adivaldo Henrique da Fonseca, professor titular pleno aposentado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e responsável pela estruturação do Laboratório de Cultivo de Células, uma parceria com a Fiocruz e a University of Liverpool.
Durante mais de quatro décadas, tive a oportunidade de pesquisar, ensinar e orientar na disciplina de doenças parasitárias, contribuindo na formação de cerca de 4.200 médicos veterinários e 175 mestres e doutores em ciências veterinárias e publicar um total de 208 artigos científicos.
A preocupação com a prevenção e controle de doenças que afetem a saúde e a qualidade de vida dos animais, me estimulou a estruturar um banco de células embrionárias de artrópodes hematófagos e hemoparasitos in vitro, com magnitude única no Brasil.
Companheiro da pedagoga Marília Massard da Fonseca nos múltiplos projetos de vida, somos pai e mãe de Elize Massard da Fonseca e Henrique Massard da Fonseca. Ambos acabaram por também se envolver na vida acadêmica, sendo Elize professora e pesquisadora da interface entre economia, política e saúde pública na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), e Henrique, professor e pesquisador no Departamento de Engenharia Mecânica de Volta Redonda, da Universidade Federal Fluminense (VEM-UFF).
Hoje, desfrutamos das paixões pela leitura e pela jardinagem que cultivamos juntos na rotina dividida entre a vila do Café na serra do Caparaó no Espírito Santo e a Barra de Tijuca, no Rio de Janeiro.
Como tudo começou
Minha história iniciou-se em 1953, na Vila do Café, município de Alegre, no Espírito Santo, em meio a comunidades de pequenos agricultores e às belezas naturais da Serra do Caparaó.
Naquela época, as condições na região eram bem adversas, não tínhamos estruturas básicas, como estradas e eletricidade. Apesar dos desafios, pude contar com o estímulo da família para a dedicação aos estudos, em especial de minha mãe, Thereza. A infância foi preenchida percorrendo ida-e-volta, ora a pé, ora a cavalo ou de bicicleta, o caminho de seis quilômetros para a escola singular da vila do Café.
No início da adolescência, frequentei a Escola Agrotécnica Federal de Alegre (EAFA, atual IFES), onde desenvolvi ainda mais a paixão pelas ciências agrárias e animais. Do ponto de vista acadêmico, meu maior orgulho até hoje foi ter sido aluno aprendiz nessa escola. Foi lá que conheci o professor e veterinário, Woley Dunlop Coachman, que me inspirou a seguir a carreira de Médico Veterinário.
Decidido pela Medicina Veterinária, fiz o último ano do ensino básico no colégio técnico agrícola da UFRRJ, em paralelo às aulas de preparação pré-vestibular. Durante essa época, com 18 anos e ao voltar à Vila do Café para passar as férias, comecei a namorar Marilia Massard Maia, minha eterna conterrânea. Nos casamos duas semanas após a formatura como médico veterinário na UFRRJ e apenas três meses antes de ser contratado como professor pela mesma universidade. A progressão na carreira acadêmica, resultou na conquista do título de doutor com apenas 30 anos de idade.
A vida na UFRRJ e passagem pelos Estados Unidos, Cuba e Reino Unido
A vida como casal começou a se desenrolar em torno da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A residência, cedida pela União dentro do campus universitário, foi o primeiro lar para os dois filhos que logo chegaram e permaneceu como moradia por mais de 40 anos de forma ininterrupta até a aposentadoria.
Marília se tornou professora no Colégio Técnico da UFRRJ, onde desenvolveu inúmeros projetos, com destaque para o cargo de diretora do CAIC Paulo Dacorso Filho por duas gestões, enquanto mantinha atuação como professora e pedagoga do Colégio Técnico da UFRRJ por 31 anos. Em 2012, recebeu, pela sua trajetória, o Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) a nível de doutorado, do Ministério da Educação.
Durante os primeiros dez anos como professor universitário, atuei principalmente com alunos da graduação, na qual era responsável pela disciplina de Doenças Parasitárias da medicina veterinária preventiva. Em cada um desses dez anos, tive o prazer de ser homenageado como paraninfo ou patrono da turma, o que significou muito para mim.
Entre 1988 e 1989, mudamos para os Estados Unidos por um breve período, para cumprir o estágio de pós-doutorado na University of Florida. Lá tive a oportunidade de aprimorar a linha de pesquisa, focando na alimentação artificial de carrapatos e em sua criação em sistemas in vitro.
A parceria com a Universidade Agrária de Havana - UNAH resultou em sequência de projetos aprovados pela CAPES/MES-CUBA desde o ano de 2008 com renovações em sequência.
As técnicas de laboratório permitiram que os estudos da relação parasita-hospedeiro se tornassem viáveis, considerando que análises diretamente em campo implicam em maior custo e complexidade de fatores influentes. A consolidação ocorreu com apoio da CAPES, que propiciou o estágio de pós-doutorado sênior na University of Edinburgh e a parceria produtiva com a Dra. Lesley Bell Sakyi, hoje na University of Liverpool do Reino Unido.
Como passos seguintes de pesquisa na universidade, senti-me impelido a estudar, além da relação entre o artrópode vetor e o hospedeiro, a relação entre o agente etiológico causador da doença (bactérias, protozoários e vírus) e os vetores hematófagos. O interesse promoveu a instauração de cultivos in vitro dos próprios hemoparasitas, e aprofundou a capacidade de análise na UFRRJ das infecções causadas aos animais, a níveis celular e tecidual. Ao longo do tempo, dediquei-me a múltiplos projetos que pudessem viabilizar a construção dessa estrutura, hoje disponível para os alunos e pesquisadores.
Até chegar ao Laboratório de Cultivo de Células, o laboratório pré-existente na instituição que se destinava às aulas práticas de doenças parasitárias foi sendo reformado, ampliado e atualizado, tornando possível comportar os recursos humanos e equipamentos condizentes com os conhecimentos que estavam sendo alcançados na fronteira da área. Em meio às reestruturações, o laboratório passou a integrar, em parceria com a Fiocruz, o projeto internacional em rede, Tick Cell Biobank. A rede promove um banco de dados unificado e materiais necessários na pesquisa envolvendo carrapatos e outros artrópodes vetores de inúmeras doenças.
Para o futuro do Laboratório na UFRRJ, imagino como etapa seguinte ideal, o afunilamento ainda maior na escala de causas das doenças, através da criação de meios para o isolamento, propagação in vitro e estruturação de um grande banco de isolados autóctones, assim e com na produção de antígenos/imunógenos puros.
Parcerias, prêmios e instituições de fomento à pesquisa
Contemplado nas Bolsas de Bancada para Projetos, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ), por 18 anos de forma ininterrupta, tenho orgulho da fundação, considerando que a mesma é fundamental para o fomento da pesquisa na área da medicina veterinária no estado do Rio de Janeiro. Igualmente, considero a importância capital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no qual fui bolsista nas categorias mestrado, doutorado, pós-doutorado e pesquisador por quase 40 anos, tendo sido membro do comitê assessor da medicina veterinária nos últimos seis anos.
Site pessoal www.adivaldofonseca.com.br
Orcid https://orcid.org/0000-0002-5834-141X
lattes http://lattes.cnpq.br/4411441162862608
UFRRJhttps://portal.ufrrj.br/laboratorio-de-cultivo-de-celulas-da-ufrrj-e-destaque-no-site-da-faperj/
Site Faperj https://www.faperj.br/?id=635.7.1,
Google https://scholar.google.com/citations?hl=en&user=9J1zPGUAAAAJ
+5521987108868